Um poema para Inês

a revolta de Inês se traduzia em seus cabelos
soltos
revoltos
rotos
cobrindo um rosto de expressões cruas
nuas
como as suas
mas latinas e revoltadas

enquanto discursa
com paixão
sangue e comoção
Inês revira os olhos
gira as mãos
amarra lenços e cachecóis
(a forca é seu
flerte eterno)
e me seduz
com a ausência de luz

ela abraçava sem-tetos
e me roubava afetos
como quem arranca flores
das existências da terra

me enterra

com passos de dança inventa chãos
com letras de funk afirma os nãos
com tambores busca esperança
desesperada esperança de um mundo cão

cadê Inês? pergunta itamar
foi à revolta dos amores, respondo
a revolta das dores, escondo

encontro

trocamos um olhar
e
num só piscar

Inês me seduz
na ausência da luz

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